domingo, 10 de maio de 2015

EQUIPES E PROJETOS

Bem, citamos o envolvimento de equipes o tempo todo, mas o que são equipes de trabalho? Quais suas características mais marcantes? O que as diferencia dos grupos? Vamos lá: Anote bem essa frase: "TODA EQUIPE É UM GRUPO, MAS NEM TODO GRUPO É UMA EQUIPE" Equipes são formadas por pessoas de áreas diferentes e que possuem competências diferentes. Vamos pensar em um time de futebol ou em uma banda: a participação de todos é importante, mas, cada um realiza um aspecto diferente do trabalho. Podemos também visualizar que preparador físico, treinador, nutricionista, fisioterapeuta são também membros de uma equipe de jogadores de futebol, por exemplo, assim como empresário, roadies (o pessoal que afina instrumentos) podem compor a equipe se essa for uma banda. Em suma, as equipes são formadas por diferenças! Tem conflitos? TEM SIM, SENHORES! Todas as equipes são passíveis de terem conflito. Há um excelente vídeo sobre o assunto: O que diferencia a equipe de um grupo é a capacidade para gerenciar conflitos de modo que ela seja beneficiada. Em grupos, formado por pares (ou seja, por indivíduos que possuem identificação e semelhanças entre si) enxergam o conflito como uma ameaça. Sendo assim, tendem a negá-lo, abafá-lo ou eliminar os elementos conflitantes ou puní-los (sendo a máxima, a expulsão do grupo). Aprofundando: - Equipes são formadas por diferenças. Grupos por semelhanças - Equipes gerenciam os conflitos. Grupos tendem a negar, punir, eliminar o conflito - Equipes visam o aperfeiçoamento e assumem as responsabilidades sobre os erros. Grupos tendem a sentirem culpados pelo erro e a culpa gera transferência. - Equipes possuem várias lideranças. Grupos seguem um único líder. - Equipes superam a frustração e não se contentam com o único sucesso de um projeto. Grupos tendem a se dissolver se o objetivo for ou não alcançado. E então? Qual sua posição?

UM SEMESTRE: é suficiente?

Cabe-me ainda explicar o nome desse blog: Tem Teia! A ideia do Blog Ter Teia é manter um registro do que sinto que se tece entre os participantes de um projeto: uma teia. Acrescento ainda que o termo "WEB" na tradução é teia. Então, tem teia. Tem algo que nos une, que nos movimenta, que nos afeta. Não estamos isolados uns dos outros, não estamos sem comunicação ou sem possibilidade de sermos informados ou informar. Há uma interdependência entre a vida. Quando li "A Teia da Vida" de Fritjof Capra em 97, encantei-me por ele dizer exatamente o que eu sentia, mas não sabia como traduzir em palavras : (p. 256) "Os princípios básicos da ecologia passaram a ser aplicados como diretrizes para construir comunidades humanas sustentáveis, sendo o primeiro deles o da interdependência: todos os membros de uma comunidade ecológica estão interligados numa vasta e intricada rede de relações, a teia da vida. A interdependência é a natureza das relações ecológicas. O sucesso da comunidade toda depende de cada um de seus membros, enquanto que o sucesso de cada membro depende do sucesso da comunidade como um todo." Desde então, passei a considerar que esse é um importante aspecto de qualquer projeto. Vamos ao ano passado: 2014. Etec Francisco Morato. Ao recebermos uma nova turma do horário vespertino de Administração, após as semanas iniciais, detectamos uma necessidade dos alunos em trabalharem em equipe. Mas, e nós, professores, sabemos como fazer isso? Conversando com outros colegas, resolvemos montar um projeto interdisciplinar entre Gestão de Pessoas (meu componente), Ética e Cidadania Organizacional e Gestão Empreendedora. Houve duas propostas: 1) realizarmos uma horta hidropônica na escola, tendo em vista as contribuições futuras para a cozinha (que estava em fase de construção) - algo desejado pela escola, desde sua fundação, em 2010. 2) transformação dos espaços abaixo das escadas da escola em jardim de inverno. Resolvemos que os alunos trabalhariam em equipes de acordo com seu desejo e vocação: Equipes: a) Escrita e registros audiovisuais do projeto: registrar o diário de bordo do projeto e registrar as fases de transformação dos espaços. b) Cálculos de custo, insumos e possíveis patrocinadores: calcular custos, verificação de materiais necessários, organizar rifas, arrecadação e ofícios com os comércios locais. c) Decoração ou Plantação: elaborar a decoração do jardim com materiais reciclados e a organização da horta seguindo o mesmo princípio. d) Gestão de Pessoas: organização das escalas de regas, de trabalhos manuais, verificação de cumprimento de tarefas. Algumas fotos do projeto:
Como se sabe, a ideia de trabalhar com projetos e equipes sempre envolve conflitos e dificuldades. A equipe d, por exemplo, perdeu o controle dos dados e as ervas recolhidas foram pouco a pouco morrendo por falta de regas. O projeto foi realizado, as plantas foram plantadas em garrafas de plástico PET, mas não resistiram ao calor do período de férias. Sendo assim, foi desolador para os alunos adentrarem o novo semestre e novo ano e avistarem a horta seca. Para não perder os alunos e muito menos, o interesse dos mesmos pelos projetos, reapresentei o projeto para outros professores e deixamos os alunos (agora no secundo módulo) como co- orientadores da nova turma (de janeiro). Por terem experiência anterior, os alunos da turma original mapearam as dificuldades e concluíram que o projeto necessitava de fundos para poder ser gerido. Para isso, organizaram a Primeira Festa do Sorvete da ETEC de Francisco Morato com a ajuda indispensável dos Professores Jair Neves e Wagner Vieira (este, coordenador de área do curso). A Festa foi realizada e foi um sucesso e os alunos do primeiro módulo iniciarão a segunda etapa do projeto.

Apresentação

Chamo-me José Carlos da Costa. Sou docente de três ETECs (para quem não é de São Paulo, Escolas Técnicas Estaduais), intercalando entre elas os componentes curriculares Psicologia Comportamental, Gestão de Pessoas I, II, III e Ética e Cidadania Organizacional para turmas de Administração, Informática, Comércio e Segurança do Trabalho. Sou (além de professor), psicólogo e produtor cultural. Realizo um curso à distância, visando a licenciatura, disciplina que durante minha formação como psicólogo não pude cursar devido a incompatibilidade de horários do meu trabalho e a faculdade (essas aulas eram meia hora antes do horário normal e era impossível chegar). Uma das propostas foi a elaboração de um plano de aula que envolvesse uma das tecnologias propostas (produção de podcast), blog, ou elaboração de uma video aula. Optei pelo blog por considerar esse um registro mais abrangente e mais completo. Há alguns anos, desde que entrei em contato com o maravilhoso livro de Paulo Freire, que vislumbrei a possibilidade de unificar tecnologia, aulas e os temas que desenvolvo em sala de aula. Reproduzo agora o meu projeto do ano passado, quando ousei um pouco mais e produzi alguns curtas com meus alunos. TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E PRODUÇÃO AUDIOVISUAL: UMA NOVA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA. Professor José Carlos da Costa 2014 Introdução Adolescentes e celulares: a discussão sobre o uso de celulares em sala de aula tem ganhado cada vez mais espaço. Se por um lado, existe uma Lei Estadual que proíbe o uso, por outro, torna-se a cada dia impossível para essa geração de estudantes desvencilhar dos aparelhos de telefone das atividades cotidianas, dentre elas, o estudar. Quando é solicitada uma pesquisa, não raramente os alunos tem dificuldade para selecionar um site adequado e transcrever o que compreendeu, reproduzindo um “copia e cola” nos moldes da escola tradicional. O educador deseja que seus estudantes possam aproveitar o máximo de tempo em sala de aula. O desafio de lecionar aumenta com as vantagens prazerosas trazidas pela tecnologia: conversa com amigos, notícias sobre artistas que são admirados, namoros e afetos, etc. Sendo assim, transformar as aulas ou os temas das aulas em um conteúdo interessante e que simultaneamente propicie a aquisição e desenvolvimento de competências estrutura o direcionamento que o professor deve conceder a sua própria atuação em sala. No ano letivo de 2014, exausto por tentativas e apelos para que os alunos desligar o telefone celular foi sugerido o oposto: que utilizassem o mesmo, inicialmente para a produção de POD CASTS (pequenos resumos narrados da aula e gravados através de aparelhos de celular). Inicialmente os estudantes pensarem ser uma punição para os que estavam usando o celular. Procurei, portanto, escolher aleatoriamente os alunos responsáveis pela produção dos resumos, acrescentando que iria beneficiá-los para organizar estudos e saber o que foi realizado na aula em caso de ausência, uma vez que os conteúdos seriam compartilhados em grupos de redes sociais. Apesar da resistência, o projeto começou a ser apreciado pelas turmas. Foi percebido que mesmo os alunos mais tímidos e reservados demonstraram clareza e interesse, dando margem à criação de projetos audiovisuais, cuja temática seria pesquisada e apresentada através de seminários. A divisão das salas em turmas com os temas seguiu o roteiro de elaboração de seminários, mas, os alunos poderiam dramatizar a situação, entrevistar um especialista na área ou produzir mini reportagens sobre o assunto. A qualidade das produções superou a expectativa inicial e tornou uma ferramenta que envolveu os estudantes a pesquisar, assumir um papel de protagonista dos temas e em caso de um vídeo aproado, compartilhado em redes sociais e elevar o nome da escola como produtora de novas práticas de ensino- aprendizagem. Palavras chave: alunos, celulares, tecnologias, audiovisual, protagonistas Objetivo Propiciar aos estudantes a utilização responsável de mídias sociais, tornando-os protagonistas, desenvolvendo competências como: conhecer os temas apresentados, liderança, trabalho em equipe, clareza verbal e proatividade. Materiais e Métodos Para a realização da produção audiovisual, foi proposto aos estudantes que escolhessem uma categoria: a) Gravação de entrevista dirigida com especialista b) Entrevistas dirigidas com pessoas que se relacionassem com o tema escolhido. c) Produção de mini reportagens (atuação protagonizada pelos próprios alunos). d) Gravação de um curta em forma de representação teatral. e) Mescla de elementos anteriores Os temas propostos para a realização foram retirados do Plano de Trabalho Docente do Componente Curricular Gestão de Pessoas II, Gestão de Pessoas III (para as turmas de Administração) e Ética e Cidadania Organizacional para as turmas de Informática e Segurança do Trabalho das ETECs Etec Doutor Emílio Hernandez Aguilar (turmas de Administração e Informática) e Etec Caieiras. Tal ação dividiu os grupos em equipes de trabalho, conforme os interesses pessoais dos estudantes e suas vocações: elaboração do roteiro, pesquisa sobre os temas, gravação, edição e atuação em cena (entrevistador, ator ou agente da transmissão dos conteúdos). Os grupos dos itens a e b deveriam elaborar as questões após pesquisa prévia e apresenta-las ao professor durante as aulas para correção e discussão de possíveis alterações. Os grupos dos itens “ c, d e e” deveriam elaborar o roteiro de suas produções, apresentar as principais ideias e discuti-las com o professor. Todos os grupos foram apresentados à técnica de storyboard, e, portanto, deveriam realizar sua elaboração nas aulas que antecederam a gravação final. Essencialmente, o storyboard é uma narrativa visual, desenhada pelos próprios alunos sobre as cenas que imaginam que serão gravadas. Não é preciso detalhes ou técnicas de desenhos sofisticadas, uma vez que o intuito é apenas orientar os trabalhos de ensaio e produção audiovisual. . Como garantia da utilização das gravações para fins pedagógicos, foi solicitado que o grupo apresentasse para a empresa ou profissional, uma declaração assinada pelo professor, em duas vias, uma permanecendo em poder do entrevistado e outro para o grupo. As pesquisas tiveram uma grande variabilidade de empresas e locais de realização, uma vez que os alunos tenderam a utilizar os contatos realizados com as empresas que pesquisaram para seus trabalhos desenvolvimento e de conclusão de curso, sendo essas empresas localizadas em Franco da Rocha e São Paulo. Um dos grupos utilizou o próprio corpo docente da escola para realizar uma pesquisa de satisfação com o ambiente de trabalho. Utilizaram para isso folhas contendo questões sobre o Clima e Cultura Organizacional da Instituição, oferecendo ainda o anonimato, caso o professor optasse pelo mesmo. Os materiais utilizados foram os próprios celulares e câmeras dos alunos, folhas de papel sulfite, cartolinas cedidas pelo professor para a realização dos storyboards e programas de edição de filmes baixados gratuitamente da Internet. Resultados e Discussão O empenho dos alunos e o desenvolvimento dos vídeos superaram as expectativas iniciais do projeto. Os resultados foram compartilhados com a equipe Gestora das escolas envolvidas. A Etec Caieiras em 22 de setembro de 2014 divulgou o vídeo produzido pelos alunos: https://www.facebook.com/video.php?v=548523175292980&set=vb.313775672101066&type=2&theater A Etec Doutor Emílio Hernandez Aguilar apoiou os vídeos produzidos pelos alunos de Informática do período vespertino e solicitou a produção de dois vídeos: um destinado para a divulgação do vestibulinho da Etec Doutor Emílio Hernandez Aguilar divulgada na página da escola na rede social facebook em 23 de outubro de 2014, podendo ser confirmado nos links https://www.facebook.com/etecfran?fref=ts ou https://www.youtube.com/watch?v=L43yNxnHIkw&list=UULqeHr0qfwL4HPQ3ZlMI1KA e outro sobre as dúvidas referentes às normas da ABNT para a realização do Trabalho de Conclusão de Curso, entrevistando para isso a Professora Mara Cristina Gonçalves conforme link: https://www.youtube.com/watch?v=Y0mmQah9fe4&list=UULqeHr0qfwL4HPQ3ZlMI1KA&index=2 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os desafios da educação contemporânea contemplam tanto a disposição do professor em lançar-se frente ao desconhecido como na forma de abordagem dos conteúdos de seus planos de aula. É preciso que o educador se sinta convidado a testar metodologias que o aproximem da realidade de seus alunos, ainda que por vias diversas, seja essa virtual. Desse modo, confirma-se a fala de Paulo Freire que torna o assunto recorrente em outras obras, como em Educação e Mudança (FREIRE, 1979, p. 11) : “[...] humanismo e tecnologia não se excluem. Não percebem que o primeiro implica a segunda e vice-versa. Se o meu compromisso é realmente com o homem concreto, com a causa de sua humanização, de sua libertação, não posso por isso mesmo prescindir da ciência, nem da tecnologia, com as quais me vou instrumentando para melhor lutar por esta causa. Por isso também não posso reduzir o homem a um simples objeto da técnica, a um autômato manipulável.[...]” Desse modo, pode-se observar que o projeto possibilitou uma perspectiva mais atuante e participativa, interativa e tecnicamente responsável por parte dos estudantes. As Tecnologias da Informação e Comunicação passaram a ser utilizadas de modos distintos em sala de aula minimizando inclusive o interesse por assuntos que não compatibilizam com as práticas pedagógicas. Essas por sua vez, devem desafiar a práxis do professor para adequar-se ao público de uma geração envolvida com as realidades tecnológicas. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA FREIRE, P. (1979) Educação e mudança. 12ª. ed. Prefácio de Moacyr Gadotti. São Paulo: Paz e Terra.